O cachorro que me ensinou a viver e amar a vida

Não tive cachorros quando era pequeno. Até tive, mas meu pai o deu por receio de que ele nos mordesse,pois tinha um comportamento agressivo. No fundo, eu tinha medo de ter um animal de estimação e de sofrer com a perda, quando ele morresse.
E assim seguiu a vida. Até que minha sobrinha ganhou um poodle,há quase 16 anos. Confesso que me apaixonei quando conheci a figura, parecia uma bolinha de neve, de tão branquinho e gordinho.Não teve jeito,adotei o Doug como meu cachorro também. Aliás, até meu pai que era resistente a animais de estimação se rendeu e tratava o cachorrinho como gente...
O Doug aprontava demais. Comia o chinelo e o sapato de todo mundo e corria, como corria,sempre louco pra fugir e ganhar as ruas. Num desses dias, a rua estava com uma equipe de obras, com máquinas e equipamentos, e o Doug escapou. Foi um desespero, minha irmã correndo atrás dele e os operários da obra também. Um deles gritou:"Nossa,ele parece um coelho". E depois de muito sufoco,o fujão foi capturado.
Uma outra "diversão" dele era ir pra rua e rolar na sujeira, ele fazia isso com uma satisfação, que parece que não se importava em tomar banho depois e lá ia minha mãe dar banho nele.
Dono de hábitos alimentares incomuns pra cachorros, adorava comer frutas e legumes, além de queijo e chocolate, como ele adorava chocolate. Destruiu também um grande pedaço do bolo de aniversário da minha sobrinha, abocanhando com vontade e satisfação o que podia. Mas uma de suas melhores traquinagens foi comer quase uma picanha inteira, que derrubou com maestria do fogão, sem que ninguém notasse. Isso ele também fazia com o queijo fresco que chegava do sítio,ia direto da pia da cozinha pra sua barriga.
Mas o que era incrível nele era como conseguia captar nossos sentimentos. Se estávamos alegres,ficava alegre,se estávamos tristes, ele ficava triste. E como gostava de ficar entre nós, como curtia a família reunida e é claro, ele sendo o centro das atenções.
Ontem ele dormiu pra sempre. Viveu incríveis 15 anos e 6 meses de idade.Sua partida trouxe muita tristeza para quem o amava,mas nem ele tem noção das lições de vida que me deixou: ser simples, amar a vida e as pessoas,aproveitar o dia pra uma caminhada e ser quem se é. Afinal, ele era cachorro e amava ser cachorro, o melhor amigo cachorro que eu tive em minha vida...

Campeonatos Estaduais ou mudam ou morrerão

A fórmula de disputa do Campeonato Paulista de Futebol, assim como a de outros estaduais, está levando o torcedor a se desinteressar pelo torneio, como comprova a decepcionante presença de público nos estádios.
Até os anos 80, os campeonatos estaduais eram disputadíssimos e a conquista do torneio era comemoradíssima pelas equipes. A partir dos anos 90, com a maior valorização dada pelos clubes brasileiros a torneios como a Libertadores e com a criação da Copa do Brasil, os estaduais se tornaram monótonos e com poucos atrativos.
Atualmente 20 equipes disputam a série A do Campeonato Brasileiro e, absurdo, também 20 equipes disputam a série A do Paulista. Ora, não há lógica nisso, o mesmo número de clubes no torneio nacional e no estadual. O Paulista comporta, no máximo, 8 equipes competitivas, as outras fazem o papel de coadjuvantes e têm enormes dificuldades para se manter durante os oito meses do ano sem o campeonato estadual.
A criação de um campeonato entre as pequenas e médias equipes do estado com calendário de disputa durante o ano todo pode ser uma saída. No ano seguinte os quatro primeiros colocados enfrentariam os 4 grandes (Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos) em jogos de mata-mata, numa disputa que não duraria mais que 2 meses e com jogos aos finais de semana. É uma proposta.
O que não dá é pra continuar como está: o outrora glorioso "Paulistão" se transformou num moribundo "Paulistinha".

Porque o Barcelona é favorito

Agora é oficial: no próximo domingo, 8 e meia da manhã daqui, Santos e Barcelona disputarão a final do Mundial de Clubes da Fifa,no Japão. A zebra, que no ano passado eliminou o Internacional de Porto Alegre da final, este ano não passou por perto dos campeões da Europa e da América do Sul.
O Santos teve dificuldades para vencer o atual campeão japonês no jogo de ontem (3 a 1). Quem só viu os belíssimos gols santistas,Neymar,Borges e Danilo, não tem noção do sufoco que o time brasileiro sofreu no segundo tempo, em que jogou pior do que os adversários. O talento individual de seus jogadores, principalmente de Neymar, garantiu a vitória, mas as falhas da zaga santista deixaram seu torcedor preocupado, afinal domingo será dia de enfrentar Messi & Cia.
Já o Barcelona,jogando com time misto, teve um treino tranquilo hoje (4 a 0). Sem Pique,Fabregas entre outros,não precisou jogar muito pra golear. Só não contava com a grave contusão de Villa, que está fora do Mundial e do futebol pelos próximos 6 meses. Mas é justamente aí que reside o diferencial do time catalão: o Barcelona tem 15,16 titulares. Artilheiro da última Copa do Mundo, Villa estava no banco de reservas antes do Mundial. O Barça tem uma equipe,um time em que as peças trocadas se encaixam automaticamente.
Este é o diferencial. O Santos depende mais de jogadas individuais do que o Barcelona. Tá certo que em um jogo só, tudo pode acontecer. Mas eu cravo o favoritismo para o time espanhol.

A vida passa rápido demais

Assisti ontem ao filme "Um Dia" (One Day) e convido quem puder a fazer o mesmo, afinal ele é real e forte o suficiente para nos fazer pensar em viver de uma maneira melhor,cultivar melhor as nossas relações e não perder tempo com bobagens e mesquinharias, tão comuns aos nossos tempos globalizados.
O filme conta a história de dois amigos que, após a formatura acadêmica, se comprometem a manter contato nos anos seguintes e um acompanhar a vida do outro. As escolhas, as frustrações, as decepções, as perdas e ganhos, seja na vida pessoal,profissional ou afetiva, dos dois são reveladas durante a trama, que é muito real e comovente.
Para esta época do ano em que, muitos param para fazer um balanço de seu ano e de suas vidas, o filme pode ser um instrumento valioso de auxílio nesta reflexão. Pra mim, também serviu para me mostrar que muitas vezes fazemos "tempestades em copos de água" e nos esquecemos do essencial, que é viver.
Boa semana a todos...

A origem dos sentimentos de culpa

Dois psicanalistas gaúchos foram ontem ao programa do Jô Soares, na Tv Globo. O tema da entrevista foi muito interessante:os nossos sentimentos de culpa. Nada mais adequado tratar nesta época do ano, em que fazemos um balanço do que conquistamos, perdemos e de onde queremos chegar no ano que vem.
De acordo com os psicanalistas, "sentimento de culpa é um delírio de grandeza" que o ser humano tem, de se achar "mais que um Deus" acreditando ser capaz de ser responsável por fatos que acontecem na sua vida e de outras pessoas. Por exemplo,um namorado que mora em uma cidade diferente de sua namorada e sofre um acidente no trajeto para reencontrá-la. Se esta namorada se sentir culpada pelo acidente, ela estará tendo um delírio de garndeza, como se fosse a responsável pelo fato ocorrido, o que seria uma insanidade.
Mas, pensando melhor, acredito que a origem da culpa é mais profunda. Crescemos em uma sociedade que teve suas bases morais fundadas em duas religiões,judaísmo e cristianismo, que têm na culpa (pecado) sua mola propulsora. Me lembro que nas missas católicas, tem um trecho em que batíamos no peito e dizíamos " minha culpa, minha tão grande culpa". Meu Deus, isto é traumático e material para anos de psicanálise.Como alguém pode ser feliz, se desde criança é induzido a acreditar que é culpado.na minha opinião, o sentimento de culpa mina também a noção de que somos merecedores de coisas boas na vida, "afinal como posso ser feliz se meu irmão sofre".
Esta postura perante a vida nos infantiliza e tira a responsabilidade individual de cada um. Deus já nos deu todas as condições para sermos realizados e felizes. Agora é com cada um de nós. Espero que esta refelexão possa nos ajudar a ser mais leves com a nossa própria vida,sendo menos nossos próprios juízes e carrascos e sem sentir nenhum tipo de sentimento de culpa.

Novas leis contra cruéis e bêbados

A Avenida Paulista será palco de uma passeata contra as crueldades que foram cometidas contra animais domésticos, nas últimas semanas.O objetivo da manifestação é a criação de uma nova lei endurecendo e tornando grave crime o ato de maltratar um animal. Aliás, esta nova lei já está sendo chamada de "Lei "Lobo", em referência ao cachorro que foi arrastado por seu dono, amarrado a um carro, pelas ruas de Piracicaba, teve uma pata amputada e morreu em decorrência dos ferimentos.
O que tem chocado também é a repetição absurda da morte de inocentes motivadas por criminosos bêbados e irresponsáveis que dirigem loucamente por este país. A mais recente, ocorrida em Campinas, ceifou um jovem campeão de jiu-jitsu, vítima de um racha disputado por dois empresários adultos, que com seus carrões e,é claro bêbados, provocaram esta tragédia. Ambos foram presos sem direito à fiança.
Em breve, uma nova lei tornará crime dirigir após ter bebido, mesmo que seja uma dose. Exagero? Infelizmente, a atual lei, que permite, dirigir após beber algumas doses, não está funcionando e daí a necessidade de uma lei mais dura.
Onde estará errando nossa sociedade? Na educação dos filhos, na falta de limites ou na sensação de impunidade que a cada dia fica mais evidente, quando os exemplos que vem daqueles que exercem o poder são terríveis???

Panamericano não é Olimpíada

Estamos acompanhando,desde o último sábado,os Jogos Panamericanos de Guadalajara.O Brasil até agora ocupa a segunda colocação no quadro de medalhas, e vem obtendo resultados até surpreendentes em esportes como o tiro ao alvo, que não tem o menor apoio de patrocinadores e do próprio governo e são desconhecidos do público.Aliás, o Brasil é realmente o país do futebol e fora o vôlei, o basquete e outras poucas modalidades,que são praticadas e assistidas pelo povo brasileiro. Portanto, o desempenho destes atletas é digno de reconhecimento e louvor.
Agora,como diz aquele ditado, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não dá pra engolir a transmissão ufanista,feita por jornalistas torcedores, e esconder que este desempenho no Pan não será o mesmo,longe disso, nas Olimpíadas do ano que vem. Só pra lembrar:na Olimpíada de Pequim em 2008, o Brasil conquistou três medalhas de ouro e ficou na 23a. terceira posição no quadro de medalhas. O Pan não tem o mesmo nível de competitividade dos Jogos Olímpicos.
Portanto, toda calma nesta hora. Parabéns aos atletas, muitos heróis, que estão conquistando medalhas em Guadalajara, mas que as autoridades esportivas do país se preparem para dar melhores condições aos mesmos, para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.